Robert Menezes
Criatividade é um tema essencial para o estudo do comportamento empreendedor. Todavia, existe pouca literatura sobre o assunto. A teoria psicanalítica aborda a questão de uma forma abrangente, sem interesse específico voltado para a interpretação do fenômeno. Freud, por exemplo, escreveu sobre Michelangelo e sobre Leonardo da Vinci, mas não tratou da inspiração criativa destes artistas de Florença. Hoje, a competitividade dos negócios procura na criatividade das pessoas a diferença da inovação e da surpresa. O fator tecnológico em si já não é suficiente. O marketing e a gestão dos negócios tornaram-se aplicações da psicologia. O mundo está muito interessado no estudo do comportamento humano e da criatividade. Os psicólogos estudam as características da personalidade de um indivíduo criativo e fazem comparação com as características de pessoas sem criatividade. Os neurologistas estudam as conexões sinápticas da criatividade. Os sociólogos estudam os agrupamentos criativos. Os administradores têm grande interesse em soluções criativas para os projetos. Os professores procuram métodos criativos para novas propostas pedagógicas. Em todos os aspectos, a criatividade é destaque. Alguns livros, escritos por profissionais, alguns sem formação acadêmica em psicologia, que lidam com o comportamento humano, exploram a grande riqueza da mente nesta área, apresentando casos surpreendentes e inéditos de utilização do processo criativo na solução de problemas. Um publicitário, por exemplo, normalmente está procurando uma forma de comunicação adequada, que seja simples, que seja visível e inteligente. A criatividade confunde-se com o óbvio, com aquilo que as pessoas já conhecem, mas não vivenciam. As pessoas acomodam as percepções por culpa da rotina e do desinteresse. Recebem a influência da racionalização de tudo, além da insegurança provocada pelo sentimento de não saber fazer alguma coisa que julga ser importante. As escolas tradicionais não incentivam o despertar da criatividade na criança. Em vez disso, exigem que os alunos sejam bons em tudo, o que é impossível. Domenico de Masi em seu livro Criatividade e Grupos Criativos, refaz a história humana a partir da criatividade, desmistificando a figura do gênio. Para De Masi, os seres humanos estão sempre criando em grupo, o que torna possível a ponte entre a fantasia e a concretude. A criatividade é a síntese de nossa fantasia e de nossa concretude. Os gênios são pessoas que unem fantasia e concretude na mesma cabeça. Contudo, os gênios são poucos. O processo genial, todavia, pode ser promovido por grupos que unem pessoas concretas e pessoas fantasiosas, formando os gênios coletivos. A idéia é interessante e essencialmente empreendedora. Comenta Domenico de Masi: “Como na fábula da cigarra e da formiga, desejava-se que todos fossem formigas, andando em fila e fazendo tudo certinho, mas sem criatividade. A sociedade pós-industrial fez ruir esta idéia. Temos que produzir cigarras.” O empreendedorismo é um processo colaborativo que soma capacidades pessoais em clima motivacional e gera resultados mensuráveis. Os negócios estão fundamentados nas pessoas e nos seus relacionamentos. Formar grupos criativos é integrar os valores pessoais e gerar inteligência organizacional. Um bom trabalho pode ser realizado com o gênio coletivo, o grupo criativo. O gênio individual pode até existir, mas é difícil ser encontrado.
16/06/2007
Assinar:
Postagens (Atom)