16/06/2007

Destruição Criativa

Robert Menezes

Joseph Schumpeter foi um economista austríaco que se transferiu para a Universidade de Harvard, nos EUA, após a Primeira Guerra Mundial e tornou-se um dos ícones da economia moderna. Sua grande reputação se apóia numa única frase, quando descreveu a evolução dos estágios tecnológicos e a permanente mutação industrial como uma força de “destruição criativa”. As tecnologias realmente destroem, ao mesmo tempo em que criam. Cada nova tecnologia destrói, ou pelo menos diminui, o valor de velhas técnicas e posições mercadológicas. O novo produto ocupa o espaço do velho produto e novas estruturas de produção destroem antigas estruturas. O progresso é conseqüência deste processo destruidor e criativo. O processo de destruição criativa promove as empresas inovadoras, que respondem às novas solicitações do mercado, e fecha as empresas sem agilidade para acompanhar as mudanças. Ao mesmo tempo, orienta os agentes econômicos para as novas tecnologias e novas preferências dos clientes. Elimina postos de trabalho ao mesmo tempo em que cria novas oportunidades de trabalho e possibilita a criação de novos negócios. Para Schumpeter o desenvolvimento econômico está fundamentado em três fatores principais: as inovações tecnológicas, o crédito bancário e o empresário inovador. Este empresário inovador, mencionado por Schumpeter, é capaz de empreender um novo negócio, mesmo sem ser dono do capital. A capacidade de empreender está relacionada às características do indivíduo, aos seus valores e modo de pensar e agir. Os empreendedores são responsáveis pelo desenvolvimento econômico. Promovem o rompimento da economia em fluxo circular para uma economia crescente, competitiva e geradora de novas oportunidades. A verdadeira concorrência na economia está entre empresas inovadoras que geram novos produtos e que retiram do mercado produtos antigos. A dinâmica capitalista promove um permanente estado de inovação, mudança, substituição de produtos e criação de novos hábitos de consumo. A destruição criativa é responsável pelo crescimento econômico de um país. Schumpeter chama de empreendedor aquele ser iluminado que é capaz de aproveitar as chances das mudanças tecnológicas e introduzir processos inovadores nos mercados. Homens que promoveram mudanças consideráveis com suas inovações, a exemplo de Henry Ford, Graham Bell entre outros. O empreendedor é aquele que tem um espírito livre, aventureiro, capaz de gerar inovações tecnológicas, capaz de criar novos mercados, superar a concorrência e ser bem-sucedido nos negócios, assumindo os riscos do empreendimento. É o agente transformador da economia, o motor do crescimento. O empreendedor não se move pelo lucro. Antes, suas verdadeiras motivações estão no sonho, no desejo de conquistar, na alegria de criar, no entusiasmo para provar que é superior aos outros. Sua presença é indispensável para mudanças na economia. As idéias de Schumpeter foram aproveitadas por McClelland na formulação da perspectiva psicológica do empreendedorismo e por Drucker na formulação da perspectiva da gestão do empreendedorismo. O resultado dos trabalhos desses estudiosos é o conjunto de conceitos atuais sobre o comportamento empreendedor, resultante de um processo de internalização dos hábitos de pensar e agir, acessível a todos os indivíduos, em qualquer cultura. O empreendedor passa a ser um indivíduo proativo, motivado, que acredita no que faz, gosta do que faz, está atento às oportunidades do mercado, é tolerante, flexível e perseverante. O empreendedor cria contextos adequados à realização de projetos, amplia constantemente seus relacionamentos e adota uma postura de aprendizado permanente. Não é necessário ser empresário para ser empreendedor. Cada um pode ser empreendedor em suas atividades diárias, como aluno, professor, profissional liberal ou até mesmo empregado.

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